18/05/2020 09:44
No Brasil e na Europa, setor luta para ser considerado essencial à economia. Em alguns países, como nos Estados Unidos, as gráficas já foram reconhecidas como tal
A pandemia de coronavírus impacta sobremaneira o segmento gráfico não apenas no Rio Grande do Sul e no Brasil, mas em todo o mundo. Uma pesquisa realizada pela consultoria de mercado global Quocirca, especializada na área de impressão, revela que os volumes de impressão na maioria dos segmentos estão em declínio acentuado. Um total de 66% dos executivos do ramo revelou que a Covid-19 afetou significativamente seus negócios e 3% afirmam que a crise é crítica. 77% cortaram custos e investimentos no período. O estudo teve respostas de empresários da Europa (44%), Estados Unidos (27%) e outras regiões (29%).
A fabricante multinacional de equipamentos de impressão Heidelberg divulgou um relatório sobre o estado do setor. O documento, coletado a partir de dados fornecidos pelos clientes conectados à nuvem da empresa em todo o mundo, mostra que durante a pandemia a produção de impressões na China caiu até 80% em comparação com os volumes normais. Problemas locais de fornecimento de matéria-prima, como a descontinuidade da produção de papel na Índia, acabaram prejudicando o desempenho em outros países também. A conclusão é de que a paralisação das atividades sociais levou a uma redução das impressões em nível planetário, especialmente no mercado comercial.
A Federação Britânica da Indústria de Impressão (BPIF) conta que o coronavírus causou perdas em todo o território. De acordo com levantamento institucional, 74% dos respondentes reportaram uma redução de dois terços nas ordens de serviço e 40% das empresas declararam-se “extremamente preocupadas” com sua sobrevivência. Segundo a Intergraf, que une 21 federações das indústrias gráficas de 20 países na Europa, os níveis de produção caíram na razão de até 80% e isso tem gerado desemprego na maioria dos lugares.
Reconhecimento como setor essencial
Uma das bandeiras do segmento é obter o reconhecimento dos governos como serviço essencial à produção, de modo que todas as companhias possam se manter de portas abertas durante a crise. O Sindigraf-RS já fez este pleito ao governador do Estado, Eduardo Leite; ao prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan, e à Federação dos Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs). A mesma luta é levada adiante pela Associação Brasileira das Indústrias Gráficas (Abigraf Nacional), em vídeo institucional divulgado em abril. Afinal, as embalagens de produtos alimentícios e de higiene, os rótulos e as caixas e bulas de remédio são produzidos por empresas gráficas.
Na Carta dos Gráficos ao Governo e ao Mercado, publicada na Folha de S. Paulo em 14 de abril, o presidente da Abigraf Nacional, Levi Ceregato, e o presidente da Associação Brasileira de Empresas com Rotativas Offset (Abro), Carlos Jacomine, frisam que o setor (representando 18 mil negócios e 170 mil empregos) não pode, não quer e não vai parar: “Sabemos de nossa responsabilidade com o consumidor brasileiro, com nossos clientes e com nossas famílias. Mesmo em home office, distribuímos comunicados aos associados para que todos tenham segurança jurídica para literalmente salvar suas empresas e os empregos de seus colaboradores (...)”. As entidades reivindicam mais auxílio por parte do governo federal, pois 97% do ramo é composto por micro e pequenas empresas que não atingem o patamar de faturamento para se beneficiar das concessões governamentais.
Na Europa, a Intergraf pediu às autoridades nacionais que reconheçam a produção gráfica como parte dos serviços essenciais. Nos Estados Unidos, a indústria gráfica impressora e empacotadora foi incluída na diretriz atualizada sobre a força de trabalho de infraestrutura crítica essencial da Agência de Infraestrutura e Segurança Cibernética (CISA) do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos, lançada em 17 de abril. O pleito atendido partiu da Printing Industries of America (PIA), que solicitou à agência o reconhecimento dessa natureza, tendo em vista a gama de materiais impressos necessários para apoiar outros setores do país durante a pandemia da Covid-19.
Embora a orientação da CISA não seja uma lei nem uma regulamentação governamental vinculativa, ela serve como uma referência importante, fornecendo uma definição padrão de trabalhadores essenciais e incentivando a adoção por governadores e prefeitos. A agência estima que aproximadamente 75% dos estados americanos adotaram suas diretrizes para criar uma abordagem mais harmoniosa para determinar quais tipos de negócios permanecem abertos.
Perspectivas para o futuro
O estudo da consultoria Quocirca revela que, apesar do impacto significativo em seus negócios, existe um otimismo cauteloso entre os profissionais da indústria de impressão de que a crise sirva para impulsionar a inovação em seus processos, produtos e serviços. À medida que as práticas de trabalho passam do escritório para a casa, a pandemia está potencialmente sinalizando uma mudança mais rápida do papel para os processos digitais. Com os profissionais em trabalho remoto se acostumando a atuar digitalmente, os fornecedores e seus canais estão tendo que adaptar seus serviços.
A demanda por colaboração e serviços na nuvem é esperada por nove em cada dez empresários do setor que responderam à pesquisa. 35% esperam um retorno ao normal num prazo de seis meses a um ano e 21% acreditam que os negócios não serão mais como eram antes. 57% afirmam que transformarão seu modelo de negócio e 47% contam que trarão novos produtos ou serviços ao mercado.
No âmbito estadual, o presidente do Sindigraf-RS, Roque Noschang, alerta que o futuro das gráficas e da economia em geral dependerá muito das estratégias de saída de isolamento e de seu sucesso em manter afastadas as ondas subsequentes do vírus. “Como as empresas do setor necessariamente dependem do costume de outros setores, qualquer aumento na atividade econômica deve resultar em aumento da demanda por impressão”, diz. “No entanto, nesta fase, podemos apenas especular sobre a velocidade e extensão dessa recuperação, bem como o impacto total da Covid-19 em diferentes subsetores e cadeias de suprimentos da indústria de impressão.”
Na visão de Noschang, ainda é impossível definir por quanto tempo vão perdurar os efeitos da pandemia na saúde pública, mas suas consequências serão igualmente devastadoras na economia. Entre as dicas para as empresas do setor no momento, estão o planejamento de estoque até o final do ano, a restrição de eventos e viagens, a renegociação de dívidas e a comunicação aberta com os colaboradores, sempre com base em dados confiáveis.
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