Quem será o próximo Peter Drucker?

Notícias: Geral

15/08/2012 13:29

A necessidade de ter um modelo, alguém que sirva de inspiração e exemplo, sempre esteve presente na natureza humana. Buscamos constantemente, mesmo sem perceber, um líder para seguir, admirar e respeitar. Alguém que nos dê bons exemplos e nos mostre que é possível, sim, fazer mais e melhor, não importa o que seja.

"Entendo que pessoas brilhantes, como Drucker, nos ajudam a encontrar caminhos de sucesso e a acreditar em nós mesmos, que podemos fazer a diferença e que devemos aproveitar sua existência e suas conquistas principalmente como exemplo e oportunidade de aprendizado", diz Raniere Santos, professor de administração que, em 2009, fundou e assumiu a direção da Drucker Society of Brazil, em Recife, uma instituição filiada ao The Drucker Institute, nos EUA.

Raniere conta que Drucker costumava dizer o seguinte: "Não me diga que teve um grande encontro comigo, mas, sim, o que vai fazer de diferente na próxima segunda-feira". Não é à toa, então, que ele representa tantas coisas para tantas pessoas ao redor do mundo e sua influência extrapola os campos ligados à ciência da Administração.

O intelectual da Administração

Desde novembro de 2005, com a morte de Drucker, homens e mulheres de negócios do mundo inteiro se questionam e argumentam na tentativa de encontrar um discípulo à altura do que o executivo representou para o universo corporativo durante seus quase 75 anos de carreira. Seus estudos lançaram ideias poderosas, que ainda hoje servem de base para o trabalho de acadêmicos e especialistas empresariais. "Além de construir os entendimentos sobre a visão sistêmica da Administração, Drucker afirmava que o ser humano precisa ser produtivo para ser feliz. E que as empresas, de qualquer natureza, existem para potencializar a produtividade humana. Dessa forma, ele se interessava pelo esforço coletivo e também explorava a questão de como as pessoas podem trabalhar em equipe dentro das organizações", conta Clemente Nóbrega, consultor em estratégia, inovação e autor de sete livros.

Outra razão que eternizou a figura e o trabalho de Drucker é que seu apelo foi além da Administração. "Ele também escreveu sobre outros assuntos de maneira consistente. Se preocupava com estratégias organizacionais e a gestão de pessoas. Sua reputação foi construída durante muitos anos em cima de todo o seu trabalho", conta o norte-americano Bruce Rosenstein, especialista em Drucker e autor do livro "O Legado de Peter Drucker" (Ed. Campus Elsevier, 2010). Para Bruce, qualquer teoria e doutrina considerada revolucionária nos dias de hoje precisa passar por um teste de tempo. É importante lembrar que, por causa de fatores como a globalização e tecnologias disruptivas, a Administração nunca foi tão complexa. "Mesmo assim, os conceitos básicos e fundamentais articulados por ele ainda são aplicáveis em diversas circunstâncias e não devem ser negligenciados no ímpeto de abraçar novas teorias", completa Bruce.

Antes de partir, Drucker criou nos Estados Unidos o instituto que leva seu nome, com o intuito de promover o conhecimento da área e incentivar as melhores práticas. "Há um grande acervo, são 31 livros e uma quantidade enorme de artigos, entrevistas, reportagens, documentários sobre sua história, encontros locais e mundiais documentados, projetos universitários e registros das atividades voluntárias. Essas obras reunidas não o deixam morrer", conta Raniere. Na opinião de Bruce Rosenstein, para chegar perto de onde o mestre da Administração chegou, é preciso gerar confiança e respeito de forma genuína. "Para alcançar a posição de Drucker, quem quer que seja precisará refletir o que é autoridade e integridade, além de ser um comunicador claro e consistente, como ele foi".

Abaixo, você vai encontrar opiniões de professores e especialistas acerca de quem seria o candidato mais capacitado para ocupar a vaga de Peter Drucker.

Os substitutos mais cotados

A opinião de professores e especialistas entrevistados foi o critério utilizado para a escolha dos nomes a seguir.

Henry Mintzberg

País: Canadá

Contribuição:Professor de gestão, estratégia e negócios, atualmente leciona Administração na McGill University, no Canadá. Os estudos do autor contemplam as práticas de gestão das organizações (incluindo o papel dos gestores), planejamento estratégico e, de maneira polêmica, Mintzberg avalia tradicionais instituições de ensino de Administração e Negócios, como Harvard, nos EUA. O autor afirma que "não se cria um administrador ou um líder na sala de aula", uma crítica aos cursos de MBAs que aparece exemplificada em sua obra "Managers not MBAs (2004)".

Opiniões:

"Mintzberg é um estudioso que tem se destacado e é reconhecido pelo meio acadêmico. Sua contribuição tem sido na área de estratégia e também envolve o ensino de Administração e comportamento organizacional." (Prof. Mauro Neves Garcia - Programa de Mestrado e Doutorado em Administração da Uninove)

"Henry Mintzberg é um nome pertinente, pois se dedica ao estudo das estratégias competitivas e planejamento, com foco nos meandros intraorganizacionais." (Prof. José Carlos Thomaz - Universidade Presbiteriana Mackenzie)

"Mintzberg certamente tem contribuído profundamente com os estudos no campo da administração". (Profa. Claudia Coser - PUC/PR)

"O professor Mintzberg trabalha bem a ideia de processo e envolvimento na condução da estratégia. Para ele, a estratégia não é planejada, é construída". (Claudio José Santos Pinheiro - Universidade do Estado do Rio de Janeiro UERJ/FAF)

"Mintzberg observa de forma mais crítica a maneira que a estratégia é desenvolvida e praticada dentro das organizações e conseguiu apresentar achados de forma bastante objetivas em obras como 'The Strategy Process' (1991) e 'Strategy Safari' (1998). (Prof. João Felipe Rammelt Sauerbronn -Pesquisador FGV/Rio)

"Sob uma perspectiva mais acadêmica, Henry Mintzberg talvez seja o autor mais representativo atualmente. Ele busca questionar o formalismo proposto (principalmente por Ansoff e Porter) no processo de planejamento estratégico, discutindo e propondo outras abordagens para a formulação de estratégias" (Prof. Mauricio Crippa - Universidade Federal do Ceará)

Jim Collins

País: Estados Unidos

Contribuição:Um dos maiores especialistas do mundo em gestão de empresas é também autor de dois dos best-sellers de Administração: "Empresas Feitas para Vencer" lançado em 2001, que vendeu mais de três milhões de cópias e foi traduzido para 35 idiomas, e o clássico "Feitas para Durar", de 2004, que foi traduzido para 29 idiomas e permaneceu na lista dos livros mais vendidos da Business Week por mais de seis anos.

Opiniões:

"Em 'Empresas Feitas Para Vencer', Jim Collins nos oferece, através de pesquisas e um trabalho criterioso, contribuições e informações maravilhosas que explicam porque somente algumas empresas brilham". (Prof. Elson Magno da Silva - FGV e IBMEC - RJ)

"Collins vem demonstrando, principalmente por meio de seus estudos focados em liderança, ser um dos grandes pensadores da atualidade. Seus estudos em gestão e liderança têm grande destaque, uma vez que a gestão de pessoas vem sendo um desafio cada vez maior para as empresas, seja pela rápida mudança de comportamento ou pelos formatos atuais das organizações". Prof. Fabio Konishi, UMC - Universidade Mogi das Cruzes)

"Jim Collins deu um "show de management" na HSM ExpoManagement 2010. Usando casos reais, Collins é capaz de captar padrões relevantes e desenvolver modelos que efetivamente contribuem para a administração das empresas". (Profa. Maruza Vieira Barbosa Tavares - Mestre em Administração de Empresas - Universidade Estadual Vale do Acaraú - CE)

"Os trabalhos de Jim Collins envolvem gestão e liderança e me chamam muito a atenção. Gosto da vertente pesquisador, vertente palestrante e as pílulas de sabedoria que simplificam as necessidades dos gestores. O livro 'Feitas Para Durar', publicado com Jerry Porras, é leitura obrigatória para gestores e futuros gestores". (Prof. Raimundo Santos Leal - Escola de Administração da UFBA)

Michael Porter

País: Estados Unidos

Contribuição: O autor de 18 livros sobre estratégia e competitividade é professor na Harvard Business School e consultor de grandes empresas ao redor do mundo. Michael Porter redefiniu conceitos de estratégia e competição, lançando modelos que, por exemplo, permitem estudar o ambiente no qual as empresas competem e determinar quais fatores aumentam ou diminuem a vantagem competitiva em cada situação.

Opiniões:

"Aprecio muito o trabalho de Michael Porter e particularmente acredito que ele pode ser tão expressivo quanto Drucker foi. A compreensão das forças competitivas de Porter é fundamental para o desenvolvimento gerencial estratégico em qualquer organização. Suas contribuições vão além da dimensão atual - ele de fato desenvolve uma estrutura de pensamento que nos chama a atenção para o futuro, por meio do processo de formulação de diretrizes que promovem mudanças e transformações no ambiente organizacional". (Raniere Santos, professor de administração e coordenador de extensão na Faculdade dos Guararapes (Laureate International Universities) - PE)

"Michael Porter tem grande potencial para ocupar uma posição no pódio em que Drucker está. Suas contribuições na área de estratégia são importantes e seus estudos na área de gestão da saúde certamente serão muito úteis no futuro em razão da elevação dos gastos nesta área". (Hélio Raymundo Ferreira Filho - Universidade da Amazônia - UNAMA)

"O americano Michael Porter vem sendo muito referenciado. A cadeia de valor (value chain), o modelo das cinco forças e o modelo do diamante, todos de Porter, são conceitos conhecidos e aplicados na academia e nas empresas". (José Carlos Thomaz, Universidade Presbiteriana Mackenzie)

Tom Peters

País: Estados Unidos

Contribuição:O intelectual e especialista no mundo corporativo já foi considerado o "guru dos gurus" pela revista Fortune. Em seus livros e palestras, que Peters muitas vezes transforma em verdadeiros espetáculos, o autor usa palavras simples para explicar como se deve administrar uma empresa e obter excelência nos negócios. Com PhD pela Stanford University, o engenheiro civil também definiu conceitos-chave sobre liderança corporativa que ainda hoje norteiam a formação e dia a dia de grandes líderes em empresas mundo afora.

Opiniões:

"A meu ver, Tom Peters tem um perfil semelhante a Drucker, embora não seja low profile em suas convicções. Acredita firmemente que a ruptura constante garante a sobrevida organizacional. Analisa com profundidade o âmago das organizações e detecta, com entusiamo e eloquência, os caminhos a serem percorridos. Indica o rumo. Vê o futuro através do próprio futuro e não de um presente tão óbvio. É contundente em relação às organizações que respiram da própria ignorância estratégica. Espera das organizações a maturidade que se espera de um mestre da arte marcial. Tanto quanto Drucker, gosta de gente. Enfim, acho que Tom Peters será, em algum momento, o sucessor do inesquecível Peter Drucker". (Prof. Msc. Jairo de Carvalho Guimarães - Coordenador do Curso de Administração - Universidade Federal do Piauí - Campus Senador Helvídio Nunes de Barros)

"Considero que o aspecto mais relevante do trabalho de Tom Peters seja justamente sua capacidade de análise da organização tomando como base as pessoas. Ou seja, quando estudamos o tema organização, é de grande importância entender como as pessoas que nela trabalham se organizam, se relacionam, de tal forma que alcancem um desempenho superior. Outro aspecto importante em Peters, e que se aproxima de uma das características de Peter Drucker, é não ser definitivo em suas ideias, ou seja, considera que a realidade apresenta contradições e muda com o passar dos anos". (Luiz Fernando Gomes Pinto, professor de graduação e pós-graduação no curso de Administração da Faculdade Anhanguera e Gerente de Marketing da Chicco do Brasil)

Thomas Davenport

País: Estados Unidos

Contribuição:O professor de Administração e tecnologia da informação da Babson College, principal escola de empreendedorismo do mundo, foi um dos primeiros nomes a aparecer relacionado ao tema da gestão contemporânea e competição analítica. Suas análises também se estendem aos campos da gestão do conhecimento e reengenharia dos processos de negócios.

Opiniões:

"Thomas Davenport contribuiu com as áreas de inteligência analítica e gerência da informação. E ainda temos muito que aprender sobre gestão da informação e do conhecimento". (Hélio Raymundo Ferreira Filho - Universidade de Amazônia - UNAMA)

"Davenport tem seu trabalho na linha da interação entre a gestão do conhecimento e a análise de dados para a tomada de decisão. Ele tem diversos livros publicados e é uma referência em ascensão". (Prof. Paulo Vicente - Fundação Dom Cabral)

Especialistas e executivos que também foram apontados por professores como referências atuais:

Clayton Christensen - EUA

Jay Barney - EUA

Richard Whittington - Inglaterra

Shelby D.Hunt - EUA

Phil Rosenzweig - EUA

Jagdish N. Sheth - EUA

Jeffrey Pfeffer - EUA

Renée Mauborgne - França

Fonte: Administradores.com

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