30/07/2012 15:47
Um mercado em profunda transformação e uma indústria que procura formas de se adaptar a essas mudanças. Os avanços tecnológicos que revolucionaram a comunicação na virada do milênio colocaram em cheque parte significativa dos paradigmas que nortearam o setor de impressão desde, pelo menos, o século XVIII. Do ponto de vista dos empresários e profissionais gráficos, o momento urge a adoção de novas estratégias e modelos de negócios que contemplem as aspirações dos usuários de produtos impressos, sejam eles empresas ou consumidores. Foi esta a mensagem que dois dos mais respeitados consultores da área procuraram imprimir durante o workshop "Repensando o modelo de negócios da gráfica", oferecido em 23/7, pela ABTG. Em um programa que incluiu palestras e atividades práticas, Hamilton Terni Costa - empresário e consultor do setor gráfico nacional e internacional - e José Pires de Araújo Jr. - administrador e professor do curso superior e de pós-graduação da Faculdade SENAI de Tecnologia Gráfica -, mostraram que o foco da transição vivida pelo setor gráfico brasileiro não deve estar na tecnologia, mas sim na capacidade de trabalhar com novos modelos de negócios. "Vivemos uma inversão histórica na área gráfica. Anteriormente, dispúnhamos de máquinas e oferecíamos, a partir daí, nossos serviços. Hoje, devemos partir das necessidades do mercado para identificar que tipos de máquinas e serviços iremos oferecer", resume Hamilton. "Ou seja, essa mudança depende da nossa capacidade de desenvolvermos modelos inovadores de negócios." Uma análise realista do panorama comunicacional vigente revela que, com exceção das embalagens, praticamente todos os produtos impressos atualmente comercializados possuem algum tipo de substituto eletrônico. Pesquisas recentes mostram que o mercado gráfico mundial, hoje estimado em aproximadamente US$ 700 bilhões, teria uma demanda entre 20% e 30% maior sem a pressão das novas possibilidades tecnológicas. Mesmo assim, a indústria gráfica brasileira tem ampliado seu crescimento relativo na comparação com mercados maduros, como o norte-americano. Em dois anos, o número de gráficas no País deve se equiparar à quantidade de gráficas nos Estados Unidos. O fato é que ainda há, no Brasil, demanda tanto para as formas tradicionais (estima-se que a quantidade mundial de leitores de jornal ainda é maior do que a de usuários de internet, numa proporção de 2,2 bilhões contra 1,9 bilhão, respectivamente) quanto para as novas aplicações para a mídia impressa. Como destaca o professor José Pires, a questão para quem insiste nas fórmulas conhecidas é que há cada vez mais competidores, ávidos por conquistar os clientes. "Se não agregar valor ao seu negócio, você vai vender somente preço. Ou seja, você tem um produto com alto valor tecnológico embarcado, mas acaba comercializando como se fosse uma commodity", diz Pires, numa referência aos altos investimentos feitos pelo setor em maquinário importado e tecnologias de produção de última geração. "E por quanto tempo você manterá esse cliente? Só até o próximo orçamento."É exatamente por esse motivo que a ABTG tem apostado na disseminação de informações para valorizar os produtos e serviços oferecidos pelo setor gráfico nacional. "O mercado gráfico precisa se tornar cada vez mais profissional. Precisamos de executivos. Estamos vivendo um momento de grande competição", resume o presidente da ABTG, Reinaldo Espinosa. "Em iniciativas como o workshop sobre modelos de negócios, os participantes podem identificar e discutir as principais demandas dos clientes e trabalhar em exercícios para atendê-las de maneira inovadora." E parte significativa dessas inovações virá, justamente, desse novo mundo digital, muitas vezes visto como ameaçador. Rapidez, flexibilidade, sustentabilidade, personalização/customização, inovação, desenvolvimento participativo dos produtos e informatização foram algumas das tendências abordadas durante o workshop e que podem ser exploradas pela gráfica do futuro. Assim, o setor deve se adaptar às demandas do "marketing de precisão", que cada vez mais se apoio na personalização da comunicação. A área de "transpromo" - ou a customização dos anúncios enviados junto com documentos transacionais como boletos e extratos, a partir de informações dos clientes de bancos, associações e seguradoras - é um dos exemplos. Mas há outros, como as soluções cross media para a área de embalagens, com caixas que acionam conteúdos digitais de realidade aumentada; QR codes que complementam anúncios e informativos; e a impressão sob demanda para livros, photobooks e demais tipos de impressos. Para José Pires, o grande desafio diante de tantas possibilidades é identificar um nicho de mercado e definir um modelo de negócios. "Identifique o que seu mercado precisa. E entenda o que o seu cliente quer. O que ele dá valor? Planeje de que maneira você irá atingir o seu mercado alvo e avalie quais as soluções disponíveis", discorre. E como identificar essas demandas se, como lembra Hamilton, "na maioria dos casos, o cliente não externalizam mais do que 10% do que querem"? As respostas não estão prontas, mas o caminho é, sem dúvida, investir na qualificação de profissionais, técnicos e executivos do setor.
Fonte: RV&A
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