02/05/2012 09:48
Artigo: Por que mudar? Sempre toquei minha gráfica assim!
Por Thomaz Caspary*
As empresas gráficas estão quase sempre em busca da superação. Os desafios culturais, políticos e econômicos exigem um estado de alerta geral, em todos os setores de sua empresa. Percebe-se, assim, que essa postura é responsável pela sobrevivência e também pelo crescimento das empresas. Principalmente as pequenas e médias gráficas brasileiras vêm sofrendo o que podemos chamar de verdadeiro "tsunami" em seus princípios e conceitos de gerir seus processos organizacionais na busca de maior ganho de competitividade. A obrigatoriedade de adesão às novas exigências da realidade tecnológica e de gestão colocam em xeque-mate os vícios administrativos que foram passados de pai para filho. Mas como mudar após 20 ou 30 anos de práticas administrativas arcaicas e comprovadamente ineficientes ao que vemos nos dias de hoje, principalmente se olharmos para o futuro em termos de tecnologia (aos que visitam a Drupa) ou mesmo nas aceleradas comunicações via "nuvens"?
Temos que nos defrontar com um problema muito sério e atual, que é a resistência à mudança, principalmente pelas gerações mais experientes. A nova estratégia do olhar, sentir e ouvir o mercado que nos mostram as Boas Práticas em todos os ramos de negócios são válidas também para nós gráficos. Acredito que esse seja o caminho para diminuir riscos e sobressaltos. Nesse processo, porém, há uma situação que preocupa bastante. Refiro-me a um fator invisível chamado depressão pessoal. Um empresário gráfico deprimido, mesmo que não se dê conta de sua situação, não consegue raciocinar adequadamente para enfrentar as adversidades com que tem que se defrontar diariamente. A depressão é uma doença muito séria que tem o poder de anular todo e qualquer procedimento que se queira implantar ou mesmo transmitir aos funcionários. Empresários, ou mesmo colaboradores em depressão, podem afetar o desempenho de toda equipe. Para o coletivo estar afinado, estruturado e unido, todos os indivíduos devem estar visivelmente sadios. Não me refiro, nesse caso, à saúde física, mas à saúde psicológica. A depressão é um mecanismo desestabilizador e neutraliza a força e a energia das equipes e da gráfica como um todo. A depressão é uma doença marcada pelo cansaço, dores físicas, perda de energia, distúrbios de sono, mudança no apetite, dores nas costas, dores de cabeça e abdominais, fadiga e distúrbios gastrintestinais, stress, falta de concentração, apatia, alterações na libido, além de outros.
Voltando ao tema principal, ou seja, por que mudar, temos que fazer uma reflexão: Devemos continuar a tocar a empresa da forma como sempre vimos fazendo ou nos lançar ao novo "desconhecido", através das novas técnicas de produção e principalmente de gestão? Sabemos que a mudança é um passo importante, definitivo e sabemos também, que afinal a mudança traz em seu cerne a dúvida, o medo. Mas ignorar o fato da necessidade de mudanças, com certeza é mais perigoso e se assemelha com um atestado prematuro de insucesso definitivo.
Analise os tópicos abaixo e procure identificar se isto acontece dentro de sua gráfica:
- Inexistência total ou parcial de treinamento ou processos de melhoria dos colaboradores;
- Centralização do poder na figura do dono ou gerente;
- Processos absolutamente informais nas tomadas de decisão (falta de normas e procedimentos);
- Informática utilizada apenas para o "básico" (quando existe);
- Ideias enraizadas em métodos que deram certo no passado;
- Falta de um plano de negócios estratégico de médio e longo prazo;
- Canal ineficiente e ineficaz de comunicação dentro e fora da empresa;
- Política de Recursos Humanos falha ou inexistente;
- Ausência de investimentos em divulgação da gráfica de forma constante;
- Exclusão dos colaboradores no processo de tomada de decisão;
- Ações baseadas no "achismo";
- Considerar a impressora mais importante do que o homem que a maneja.
Poderíamos citar ainda um sem número de exemplos que, tenho certeza que existem em grande parte de nossas gráficas. Estes fatores (entre outros) denunciam que a competitividade da gráfica não "anda muito bem das pernas", e ninguém quer ser pequeno ou médio para sempre, e mais ainda, ninguém pensa em falir. Portanto, mudar e implantar novas técnicas de gestão e tecnologia ainda é o melhor caminho. É preciso estar ciente do que o mercado está exigindo e cada vez exigirá mais profissionais que tenham a capacidade de repensar a cada dia sua postura, os caminhos a serem seguidos pelas nossas gráficas e, acima de tudo ter a capacidade de visualizar ameaças a serem contornadas, aliviadas ou eliminadas e, oportunidades a serem aproveitadas no presente e no futuro, ou seja, fazer a famosa Análise SWOT. Se você acha que tudo o que leu aí em cima é pura bobagem, devo dizer que a sua concorrência agradece a sua falta de iniciativa ou o medo de mudar. Não se esqueça de que o uso das Boas Práticas têm ajudado inúmeras gráficas a crescer ou mesmo sem crescer a alavancar o seu lucro, o que significa um aumento do Retorno sobre o Investimento (ROI).
Voltando ao que falávamos no início e que temos encontrado no nosso dia a dia em profusão (a depressão de comandantes e comandados). A depressão é uma doença que pode estar em qualquer setor, ou classe social, pois ela é resultado da ação do homem no universo. A dinâmica do mundo nos joga, muitas vezes, em doenças invisíveis que são difíceis de serem aceitas. Por esse motivo, eu acredito que é obrigação dos que podem ajudar, oferecer ajuda, encontrando, no mundo das empresas, espaço para os caminhos da cura. Os especialistas aguardam àqueles que se permitirem ser ajudados. Considerar o invisível procurando desmistificá-lo é muito importante, só assim estaremos aliviando as dores da nossa alma e dos que convivem ao nosso redor, contribuindo para a melhoria do desempenho de nossa empresa.
*Thomaz Caspary é Engenheiro de mídia impressa, consultor de empresas e diretor da Printconsult.
Fonte: Publish
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